domingo, 31 de dezembro de 2006

OXIMORO


Raquel Rocha

Princesa?
Ai meu Deus,
isso é coisa pra menina -
não pra uma senhora de 40!

Mas no fundo,
bem lá no fundo
você ri pras paredes,
faz pose,
faz de conta que o tempo não passou
e finge...

Permite-se.
Vive seu dia de:
- "Bom dia, princesa!"
Sorri pra si mesma
e fica feliz da vida.

sábado, 30 de dezembro de 2006

ENTORPECIMENTO

Raquel Rocha

Depois que as portas e janelas se fecharam,
Depois que tudo ficou escuro,
Depois que não vejo as chaves
Nem as fechaduras...

Você me aparece
E quer me ver sorrindo...
Quer me ver flutuar
Qual bailarina
Capaz de coreografar a vida.

Mas eu não consigo...
Não sei fazer de conta,
Não sei me abrir.
Lamento te desapontar.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

ALMA ALADA


Raquel Rocha

Simplesmente por debaixo das saias da avó
surge a menina marota,
endiabrada
que não pode parar de sonhar...

Sua alma alada
é como vaga-lume -
iluminada.

Quer seja manhã ou tarde
tanto faz...
Vibram-lhe as entranhas.
Nada pode lhe roubar a capacidade de encantar-se...

Agora
em meio a cinzas e já não mais menina,
não se engane,
surge a mulher endiabrada
que não pode parar de sonhar...

ALMA NUA


Raquel Rocha

No decorrer da vida
Adquirimos patentes:
Mãe ou pai,
Senhor Manda-Chuva,
Dona da verdade,
Doutor disso ou daquilo,
General de recursos humanos,
Ou simplesmente inspetor de serviços gerais.
Mas todas NOBRES PATENTES.

Bem escondido
Envolto nestas capas
Está um ser
Que aos 15, aos 20 ou aos 60 anos
Ainda é um ser.

Em alguma fatalidade,
Numa doença,
Numa grande perda,
Ou numa vulnerabilidade do amor - e que bela fatalidade!
Por alguns míseros momentos
A capa se abre,
As patentes caem
E você fica nu
E se deixa mostrar
- Que lindo ser humano você é!
E neste momento
Eu quero te abraçar.