terça-feira, 9 de janeiro de 2007

DEIXANDO A CRISÁLIDA


Raquel Rocha

Que coisa esquisita é esta
Que vem cambaleando
Tão desengonçada
Com ares de ninfa
Recém saída
Do seu invólucro?

Vem devagarzinho
Como quem não tem pressa
Antenas à frente
Buscando um ramo.

Agora, suavemente
Como uma experiente ginasta
Alonga-se...
Expõe ao sol
Cada membrana
Cada nervura.

Abre-se.
É um encanto – UMA BORBOLETA AZUL!
Puro encanto da natureza!
Pronta.
Perfeita.

Lança-se ao vôo
Ao seu primeiro vôo
Definitivo vôo.
Voe menina...
Voe...

sábado, 6 de janeiro de 2007

IMENSIDÃO




Raquel Rocha

Ah!... Estes vendavais...

Nada poderia se comparar à tamanha segurança!...
Certezas e mais certezas
Delimitações aconchegantes
Terreno firme
Potencialidades provadas e confirmadas
Ninho de plena estabilidade...

Sem que quisesse,
Sem que almejasse,
Foi subitamente atirado à imensidão:
Mar de instabilidade
Amplitude de possibilidades
Inquietante turbulência
Desassossego de alma...

E ele que enchia tudo - agora
Pequeno
Ingênuo
Indefeso
Atirado a vendavais
Debate e se encolhe...

Mas não pode esquecer...
Não há acasos.
Há uma Mão poderosa
Que dirige
E que é maior que a imensidão.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

SEM ESCONDERIJO


Raquel Rocha

Ligações de alma...
Como são profundas!

Acontecem suavemente.
Num encontro...
Com o tempo
Você percebe
Sua alma gêmea
Alguém que comunga com você.

Sem nenhum esforço
Sem medos
Sem receios.

Sem se aperceber
Você se abre
Como uma flor.

E nesta troca
Há um doar
Há um descobrir.

Casa aberta
Portas e janelas
Sem esconderijos!...

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

SOBREVIVENTE


Raquel Rocha

Quando esta coisa,
outrora tão estável, balança...
E todo chão firme,
outrora meu sustentáculo,
sai de debaixo dos meus pés...

Quando meu mundo,
outrora tão seguro, desmorona...
E tudo aquilo que eu jurava
- É terra firme –
Não passa de utopia...

Quando a tormenta abate o coração
fazendo-o contorcer,
estalar cada ligadura,
deixando fluir todo temor
da alma que é simplesmente frágil...

Então lhe ocorre um pensamento:
preciso reunir forças, muitas forças...
Não importa muitas coisas.
Posso perder quase tudo.

Mas preciso sobreviver!

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

ANGELICAL


Raquel Rocha

Tá muito frio
(menos três graus)

É que você não me aquece
Já não me sinto mulher.

Sem seu olhar lascivo
Aquele... "raio que me parta"
Aquele que me parte ao meio...

Nem sei se sou menina
Nem sei se tenho curvas
Não sei se sou bonita
Não sei se tenho cheiro
Se tenho olhar felino
De ave de rapina
Ou angelical.

Este silêncio...
Me adormece.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

INSANIDADE

Raquel Rocha

Estou mulher no cio
Em fase de desespero
De querer que me agarre
E apague meus desejos.

Não sei se sou culpada
Se foi você que me deixou assim
Mas pegue-me em seus braços
Satisfaça minhas vontades.

Seja dono do meu corpo.
Senhor das minhas curvas
Faz-me fera domada
Acabe com essa loucura.